INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA -
O DESCASO BRASILEIRO
Com baixos investimentos em infraestrutura
logística, o Brasil agoniza num descompasso para o seu crescimento.
Segundo estudos apresentados pelo
Economista Raul Velloso (2017) no Fórum sobre a Infraestrutura Brasileira, os
investimentos em infraestrutura deveriam oscilar em torno de 5% do nosso PIB.
Infelizmente, não podemos tratar da
logística em termos de sua infraestrutura básica, sem tocarmos nas políticas e
seus vieses destinados a fazer o nosso País sair do eterno atoleiro!
O descaso se une a má gestão dos recursos
públicos, tendo como exemplo emblemático os denominados PAC´s - Programas de
Aceleração do Crescimento, cuja sigla, em algumas situações, deveria
significar: Programa de Aceleração da Corrupção que, desavergonhamente, tomou
conta dos programas governamentais!
Em verdade, esses programas acabaram
produzindo alguns “projetos” cujo objetivo principal era acharcar os cofres
públicos. Constatação essa que o leitor poderá confirmar, bastado escoar numa
breve leitura, os principais periódicos de circulação nacional,
especialmente quando tratam das denominadas operações: “Mensalão”, “Petrolão” e
atualmente, operação “Lavajato” e seus desdobramentos!
É lamentável constatar obras inacabadas,
linhas férreas que não levam a lugar nenhum, parques de geração sem a
complementação de linhas de transmissão para que a energia gerada chegasse ao
seu destino e tantos outros descasos que resultaram em custos desnecessários
que inviabilizam projetos produtivos!
De um lado, esses custos reduzem a
nossa competitividade no mercado internacional; de outro acabam entregando, no
mercado interno, produtos e serviços à custos exorbitantes em face dos altos
custos logísticos das nossas malhas modais.
No âmbito do agrobusiness, por exemplo, em
recente declaração, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
informou que o Brasil terá, neste ano de 2017, uma safra recorde de grão e
lamentava que a mesma: “estava indo para
o ralo”.
De acordo com dados divulgados pela
Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), o Brasil perde todos os
anos, devido às condições logísticas inadequadas, R$ 9,05 bilhões (cerca de US$
2,8 bilhões); prejuízo esse que vem aumentando a uma taxa de 6% ao ano.
Em recente seminário realizado pela
FGV/EPGE – Modernização da Infraestrutura Brasileira, Lundell (2017)
representante do Banco Mundial, apresentou um quadro comparativo sobre os
investimentos em infraestrutura de diversos países comparando-os
percentualmente aos respectivos PIB, cujo resultado dessa análise está
retratado na figura 2.
Figura 2 –
Investimentos em infraestrutura – relação com o PIB.
Fonte: Adaptado de Lunbell in Relatório do Banco Mundial – 2017.
Tomando-se a base relacional elaborada
pelos estudos de Velloso, podemos imediatamente concluir que temos uma
defasagem estrutural dos investimentos em infraestrutura oscilando entorno de 2,82 % do PIB, ou seja, a diferença entre a proposição de Veloso (5%) e o
valores apurados pelo Banco Mundial (2,68%).
Outro aspecto bastante importante, decorre
do estoque de capital em infraestrutura, em relação ao PIB brasileiro, como
mostra a figura 4.
Figura 3 – Estoque de Capital
em Infraestrutura - % do PIB
Fonte: Fischtak e Mourão in Seminário
MIB/FGV/EPGE – 2017.
No espectro do tema citado, Fischtak & Mourão (2017) destacam três períodos, para análise dos investimentos em
infraestrutura: expansão acelerada (1970 – 1983), estagnação (1983–1990) e retração
(1990 – 2016).
Para corrigir os hiatos em infraestrutura
existentes, estudos dos citados pesquisadores indicam que o Brasil precisará
dobrar os investimentos para modernizar a nossa infraestrutura nos próximos
vinte anos, como mostra a figura 4.
Figura 4 – Hiato dos
investimentos em Infraestrutura como % do PIB.
Fonte: Adaptado de Fischtak e Mourão (op. cit - 2017).
Numa análise complementar, tomando
como base os dados elaborados por Lundell - Banco Mundial (2017), o quadro da figura 3 apresenta os ganhos potenciais em relação ao
PIB, quando gargalos das mais diversas matizes são desbloqueado e as estratégicas
de melhorias que deverão ser implementadas para mitigar os gargalos existentes.
Figura
3 – Ganhos Potenciais / Gargalos existentes
Fonte:
Adaptado de Lunbell in Banco Mundial – MIB/2017 – FGV/EPGE.
Sem
uma infraestrutura logística adequada, continuaremos patinando e sem condições
de aumentar a competitividade
As
nossas exportações, por exemplo, são alavancadas, em grande medida, pela venda
de petróleo bruto, minério de ferro, soja e produtos industrializados, especialmente veículos e produtos siderúrgicos.
Dados divulgados pelo Banco Central informam que até meados deste ano de 2017, o volume das exportações atingiu o patamar de US$177,52 Bilhões. Nesse total encontram-se US$ 78,33 bilhões relativos as exportações de minérios e produtos da agropecuária. Com uma boa infraestrutura logística poderíamos chegar muito mais longe!
Dados divulgados pelo Banco Central informam que até meados deste ano de 2017, o volume das exportações atingiu o patamar de US$177,52 Bilhões. Nesse total encontram-se US$ 78,33 bilhões relativos as exportações de minérios e produtos da agropecuária. Com uma boa infraestrutura logística poderíamos chegar muito mais longe!
Para buscar o equacionamento desses
gargalos que remontam de longa data, é indispensável repensar soluções e, nesse
âmbito, é necessário acelerar os programas de privatização e concessões de rodovias,
aeroportos, portos, ferrovias, o que resultará em um considerável aumento da
eficiência operacional da nossa infraestrutura, além de contribuir
significativamente para alavancar a abertura de novos postos de trabalho numa
economia que possui hoje um número recorde de 14 milhões de desempregados!
Fontes:
FGB/EPGE – Seminário de Modernização da
Infraestrutura Brasileira – disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/ - acesso: 28/10/2017.
Lundell, M.R in De volta ao Planejamento –
Como preencher a lacuna de infraestrutura no Brasil em tempo de austeridade – Banco
Mundial – Relatório Relatório N.º 117392- BR Seminário – Modernização da
Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017.
Fischtak, C e Mourão, J. in Uma estimativa do
estoque de capital de infraestrutura no Brasil– in Seminário MIB/FGV/EPGE –
2017 –Painel de Debates no Seminário –
Modernização da Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017 - Inter. B Consultoria – agosto/2017.
Fischtak, C; Mourão, J e Noronha, J – in Oportunidades para
a privatização da infraestrutura ´o que fazer e como fazer – Relatório CNI –
disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/files/estudo-cni-privatizacao-da-infraestrutura.pdf.
Raiser, M ; Clarke, R.;
Procee, P.; Brinceño-Garmendia, C.; Kikoni.E.; Kizito, J.; Viñuela, L. in Back
to Planning: How to Close Brazil’s Infrastructure - Gap in Times of Austerity –
July (2017)– Report N ° 117392-BR–
World Bank Group.
Velloso, R. – in Crise da Infraestrutura - Fórum Nacional– maio
2017 – disponível em : http://www.inae.org.br/historico/xxix-forum-nacional-maio-2017/
- acesso: 20/10/2017.
Coulussi, J. – in Transporte deficiente de grãos causa
perda anual estimada em R$ 9 bilhões ao Brasil – disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/campo-e-lavoura/noticia/2014/03/transporte-deficiente-de-graos-causa-perda-anual-estimada-em-r-9-bilhoes-ao-brasil-4445535.html - acesso: 26/10/2018.
Disse tudo, deve se ter uma reestrutura rápida para termos competitividade.
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