sábado, 11 de novembro de 2017

Estradas Brasileiras e o Transporte Rodoviário

ESTRADAS BRASILEIRAS 

A CAÓTICA SITUAÇÃO DO 

TRANSPORTE RODOVIÁRIO


As análises que apresentamos em nossa postagem anterior demostram, de forma inequívoca, que os baixos investimentos em infraestrutura logística são os grandes responsáveis pelos altos custos logísticos e atua comprometendo a produtividade das cadeias logísticas.

Nessa postagem vamos analisar a situação das nossas estradas.

Para começar, tomemos como exemplo os investimentos em infraestrutura na malha rodoviária brasileira, como indicado na tabela I

Tabela I – Investimentos em Infraestrutura Rodoviárias
Fonte: Globo News/CNT_2017

O declino nos investimentos na infraestrutura rodoviária, principal modal da nossa matriz de transporte, representando mais de 60% entre todos os modais, pode ser examinado em duas óticas.

A primeira, em sua extensão 105.814 km que atingiu esse patamar devido a um pequeno acréscimo de 2.555 km (+2,5%) em relação a 2016.

A segunda, quanto as condições das estradas. Segundo pesquisas realizadas pela Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT); neste ano de 2017, 61,8% da extensão das rodovias pesquisadas apresentaram um estado ruim ou péssimo. No ano passado, esse percentual era de 58,2%.

Não é sem razão que o presidente da CNT destaca: “A queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos ”.

No quesito sinalização, um item importantíssimo de segurança rodoviária, esse foi o aspecto que apresentou o pior desempenho ! Enquanto que em 2016, o percentual de extensão das rodovias com sinalização adequada (ótimo ou boa) atingiu 48,3%, neste ano de 2017 esse percentual cai para 40,8%.

O resultado dessa baixa qualidade na segurança rodoviária pode ser retratado pelas estatísticas de acidentes. No ano de 2016 ocorreram 20.994 acidentes graves em rodovias federais, cujo resultado envolveu 21.439 feridos graves e 6.405 mortos em decorrência desses acidentes.

Figura 2 – Situação das estradas brasileiras.
Fonte: Pesquisa CNT (2017)

Os estudos elaborados pela CNT indicam que são necessários R$ 293,88 bilhões (US$ 90 bilhões) de investimentos em infraestrutura rodoviária, com objetivo de adequá-la à dinâmica logística do setor.

Para reparar as rodovias que se encontram em estado precário, apresentando trincas, desgastes, afundamentos, ondulações e trechos destruídos serão necessários investimentos da ordem de R$ 51,5 bilhões (US$ 15,6 bilhões) destinados à recompor trechos rodoviários que representam 82,959 km de extensão!

Outro aspecto bastante relevante, analisado comparativamente à outros países, envolve a denominada densidade da malha rodoviária que se encontra pavimentada, mensurável em quilometro de estrada em função da área.

Figura 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada (Km / Km2).
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

Percebe-se, através de um simples exame da Figura 3, que o Brasil se apresenta em condições extremamente desfavorável nesse item e comparativamente aos demais países, fica abaixo da Argentina, Canadá, Uruguai, México entre tantos outros.

Com base nos dados do Sistema Nacional de Viação - SNV, examinando- se a situação das rodovias brasileiras sob a ótica de rodovias pavimentadas versus  não pavimentadas, podemos concluir que a extensão das vias pavimentadas atingem 212.866 km de rodovias pavimentadas, enquanto que, em contraste, encontramos 1.365.426 km de rodovias não pavimentadas !

Uma visão mais ampliada da situação das rodovias brasileiras poderá se examinada através da Figura 4, que apresenta a composição dessas rodovias levando em conta a classificação de pavimentadas, não pavimentadas e planejadas, bem como sua posição em termos de estradas federais, estaduais etc.

Figura 4 – Classificação das Rodovias
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

O resultado da pesquisa da Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT) demonstra de forma contundente que a baixa densidade (Km/Km2) das rodovias e situação precária de grande parte da malha viária, acabam por comprometer o desempenho da nossa economia e colocar em situação de risco os usuários desse modal.

O volumoso aporte de recursos destinados a promover melhorias significativas de forma a produzir a oferta de uma infraestrutura rodoviária adequada às necessidades do País atinge, segundo estimativas do Plano CNT de Transporte e Logística, R$ 293,88 (US$ 90 bilhões), o que retrata a inviabilidade da oferta desses investimentos pelo poder público.

A conclusão óbvia e emergente é o poder público estimular a iniciativa privada para adentrar nessa empreitada, apresentando-lhes condições econômicas e financeiras que viabilizem os empreendimentos e fortalecendo a segurança jurídicas dos investidores.

Fontes:

CNT – Pesquisa CNT de Rodovias 2017 – disponível em http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Not%C3%ADcias/resumo_principais_dados_pesquisa_cnt_2017.pdf - acesso: 08/11/2017.

CNT – Relatório CNT – Rodovias 2017 –

Borges, A. – in Condições das estradas piora nos últimos anos – Estadão – 08/11/2017 - disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017

Turteli, C. in A logística não segue o agronegócio – Estadão – 08/11/2017 – disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017.

Portal Defesa e Segurança – Governo Federal – disponível em http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2017/02/mortes-em-rodovias-federais-cairam-6-8-em-2016 - acesso: 11/11/2017.

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