ESTRADAS BRASILEIRAS
A CAÓTICA SITUAÇÃO DO
TRANSPORTE RODOVIÁRIO
As análises que apresentamos em nossa
postagem anterior demostram, de forma inequívoca, que os baixos investimentos
em infraestrutura logística são os grandes responsáveis pelos altos custos
logísticos e atua comprometendo a produtividade das cadeias logísticas.
Nessa postagem vamos analisar a situação
das nossas estradas.
Para começar, tomemos como exemplo os
investimentos em infraestrutura na malha rodoviária brasileira, como indicado
na tabela I
Tabela
I – Investimentos em Infraestrutura Rodoviárias
Fonte:
Globo News/CNT_2017
O declino nos investimentos na
infraestrutura rodoviária, principal modal da nossa matriz de transporte,
representando mais de 60% entre todos os modais, pode ser examinado em duas
óticas.
A primeira, em sua extensão 105.814 km
que atingiu esse patamar devido a um pequeno acréscimo de 2.555 km (+2,5%) em
relação a 2016.
A segunda, quanto as condições das
estradas. Segundo pesquisas realizadas pela Confederação Nacional de Transporte
de Carga (CNT); neste ano de 2017, 61,8% da extensão das rodovias pesquisadas
apresentaram um estado ruim ou péssimo. No ano passado, esse percentual era de
58,2%.
Não é sem razão que o presidente da CNT destaca: “A queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos ”.
No quesito sinalização, um item importantíssimo de segurança rodoviária, esse foi o aspecto que apresentou o pior desempenho ! Enquanto que em 2016, o percentual de extensão das rodovias com sinalização adequada (ótimo ou boa) atingiu 48,3%, neste ano de 2017 esse percentual cai para 40,8%.
O resultado dessa baixa qualidade na segurança rodoviária pode ser retratado pelas estatísticas de acidentes. No ano de 2016 ocorreram 20.994 acidentes graves em rodovias federais, cujo resultado envolveu 21.439 feridos graves e 6.405 mortos em decorrência desses acidentes.
Figura
2 – Situação das estradas brasileiras.
Fonte:
Pesquisa CNT (2017)
Os estudos elaborados pela CNT indicam que são necessários R$ 293,88 bilhões (US$ 90 bilhões) de investimentos em
infraestrutura rodoviária, com objetivo de adequá-la à dinâmica logística do
setor.
Para reparar as rodovias que se
encontram em estado precário, apresentando trincas, desgastes, afundamentos,
ondulações e trechos destruídos serão necessários investimentos da ordem de R$ 51,5 bilhões
(US$ 15,6 bilhões) destinados à recompor trechos rodoviários que representam 82,959
km de extensão!
Outro aspecto bastante relevante,
analisado comparativamente à outros países, envolve a denominada densidade da
malha rodoviária que se encontra pavimentada, mensurável em quilometro de
estrada em função da área.
Figura 3 - Densidade
da malha rodoviária pavimentada (Km / Km2).
Fonte:
Pesquisa CNT (2017).
Percebe-se, através de um simples exame
da Figura 3, que o Brasil se apresenta em condições extremamente desfavorável
nesse item e comparativamente aos demais países, fica abaixo da Argentina, Canadá,
Uruguai, México entre tantos outros.
Com base nos dados do Sistema Nacional
de Viação - SNV, examinando- se a situação das rodovias brasileiras sob a ótica
de rodovias pavimentadas versus não
pavimentadas, podemos concluir que a extensão das vias pavimentadas atingem 212.866
km de rodovias pavimentadas, enquanto que, em contraste, encontramos 1.365.426
km de rodovias não pavimentadas !
Uma visão mais ampliada da situação das
rodovias brasileiras poderá se examinada através da Figura 4, que apresenta a
composição dessas rodovias levando em conta a classificação de pavimentadas,
não pavimentadas e planejadas, bem como sua posição em termos de estradas
federais, estaduais etc.
Figura
4 – Classificação das Rodovias
Fonte:
Pesquisa CNT (2017).
O resultado da pesquisa da Confederação Nacional
de Transporte de Carga (CNT) demonstra de forma contundente que a baixa
densidade (Km/Km2) das rodovias e situação precária de grande parte
da malha viária, acabam por comprometer o desempenho da nossa economia e
colocar em situação de risco os usuários desse modal.
O volumoso aporte de recursos destinados
a promover melhorias significativas de forma a produzir a oferta de uma
infraestrutura rodoviária adequada às necessidades do País atinge, segundo
estimativas do Plano CNT de Transporte e Logística, R$ 293,88 (US$ 90 bilhões), o que retrata a inviabilidade da oferta desses investimentos pelo poder público.
A conclusão óbvia e emergente é o poder
público estimular a iniciativa privada para adentrar nessa empreitada,
apresentando-lhes condições econômicas e financeiras que viabilizem os
empreendimentos e fortalecendo a segurança jurídicas dos investidores.
Fontes:
CNT – Pesquisa CNT de Rodovias 2017 – disponível em http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Not%C3%ADcias/resumo_principais_dados_pesquisa_cnt_2017.pdf
- acesso: 08/11/2017.
CNT – Relatório CNT – Rodovias 2017 –
Borges, A. – in Condições das estradas piora nos últimos
anos – Estadão – 08/11/2017 - disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview
- acesso: 08/11/2017
Turteli, C. in A logística não segue o agronegócio –
Estadão – 08/11/2017 – disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview
- acesso: 08/11/2017.
Portal Defesa e Segurança – Governo Federal – disponível em
http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2017/02/mortes-em-rodovias-federais-cairam-6-8-em-2016
- acesso: 11/11/2017.
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