LOGÍSTICA E ROUBO DE CARGA NO
BRASIL
A
logística brasileira, já enfrenta problemas devido a baixa
qualidade da infraestrutura, agora passa a enfrentar um novo desafio: o furto e
roubo de cargas que ultimamente tem se mostrado como um vetor em franca
expansão.
Se,
de um lado, a ocorrência de um acidente em uma estrada, envolvendo um caminhão
de transporte com carga de produtos de consumo, nas proximidades de regiões
habitadas, resulta em saques, de outro, o crescente roubo de cargas tem se
mostrando um empreendimento vantajoso para os meliantes que se utilizam de um
aparato bélico digno dos utilizados nas guerras.
Normalmente
a ação dos criminosos ocorre em pontos estratégicos sobre a ótica da velocidade
do tráfego dos caminhões ou locais com facilidades para que esses meliantes possam operar com maior flexibilidade.
É
importante registrar, que ao lado do tráfico de entorpecentes, essa modalidade
de delito vem crescendo consideravelmente. Só nos últimos quatro anos esse tipo
de ação criminosa aumento em 86% das estradas brasileiras, segundo estimativas
do relatório da Firjan (março/2017).
Com
bem explicita o referido relatório: “problema
do roubo de cargas no Brasil se tornou tão grave que, em uma lista de 57
países, o país é apontado como o oitavo mais perigoso para o transporte de
cargas, à frente países em guerra e conflitos civis, como Paquistão, Eritréia e
Sudão do Sul” (op.cit.)
No
quadro I apresentamos uma estatística da ocorrência desse tipo de delito no
período de 2011 a 2016:
Quadro I – Roubo de Cargas no Brasil /
Frota transportadora.
Examinando
mais detalhadamente as estatísticas apresentadas no relatório da Firjan,
extraímos que 90,1% das ocorrências de roubo de cargas acontecem na região
sudeste, distribuídos como mostra a figura 2.
Figura
2 – Mapa do Roubo de Carga na Região Sudeste.
Fonte:
FIRJAN (Março/2017).
Essas ocorrências permitiram estimar,
para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde a incidência é considerável,
um prejuízo material em 2016 de R$ 1,6 bilhões; sem considerar a violência
física que atingem os profissionais de transporte de cargas, em alguns casos,
tendo como resultado mortes!
Na figura 3 apresentamos a evolução
dos roubos de cargas ocorridos no Estado do Rio de Janeiro, baseado em
relatório elaborado pelo Instituto de Segurança Pública do Estado.
Figura
3 – Evolução do Roubo de Cargas no
Estado do Rio de Janeiro.
Fonte:
DGTIT / PCERJ. Organizado por: ISP/RJ.
Não foi sem razão que, recentemente,
com objetivo de chamar a atenção das autoridades, os profissionais de
transporte de cargas realizaram um ato público em uma das principais artérias
de acesso ao Rio de Janeiro que acabou provocando um grande congestionamento de
veículos, com reflexos nas rodovias Presidente Dutra e Washington Luiz (Figura
4).
Figura 4 – Rodovias Presidente Dutra e
Washington Luiz.
Fonte: Mobilidade e Urbanismo em Nova
Iguaçu.
Toda essa violência perpetrada pelos
meliantes, além de comprometer os custos das operações e dos produtos, acaba
tendo reflexos na contratação de seguros, cada vez mais caros em função dessa
variável e, em muitos casos, provocando certa recusa no transporte de carga,
por parte dos caminheiros para as áreas de grande potencial de riscos de roubos
de cargas.
Paralelamente a essa agravante
situação é o panorama traçado nas estratégias de comercialização, levando a
produtores darem preferência a outros mercados de menor risco, em especial
quando se trata de cargas de produtos de alta facilidade de comercialização,
como é o caso de bebidas, cigarros e produtos alimentícios.
Em recente pesquisa realizada por
repórteres do jornal “O Globo e GloboNews” foi constatado que uma carga roubada
nas proximidades do Rio de Janeiro , Arco Metropolitano e Avenida Brasil, por
exemplo, encontram-se disponíveis em mãos de vendedores ambulantes, no metrô,
ônibus urbano e trens da Supervia, em um prazo de duas horas após a prática do
roubo, tal a capilaridade com a qual essa “Logística de Distribuição Meliante”
consegue progredir no teatro das ações criminosas.
Conclui-se que é indispensável o
combate massivo ao roubo de cargas e seus elos com as facções criminosas, tanto a nível Estadual quanto Federal. Essa ação conjunta: Estadual x Federal
começa também no combate ao tráfego de armas tão frequente e, verdadeiramente,
escancarado em todo o território nacional.
O mapeamento de maior incidência no
roubo de cargas, como apresentado a Figura 5, tomando por base dados obtidos
através do site www.g1.globo.com e informações dos relatórios elaborados pelo
Instituto de Segurança Pública – RJ, dá uma boa indicação de medidas
preventivas que podem ser realizadas através de ações de patrulhamento em
articulação com a Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal,
no âmbito de suas respectivas atribuições.
Figura 5 – Mapeamento do Roubo de
Carga – R de Janeiro e S.Paulo.
Fonte: G1.com.br – ISP/RJ e FIRJAN.
Com hipótese
complementar para o rastreamento do roubo de carga, estudar a possibilidade de
inserção de chip de rastreamento, de forma aleatória, dentro das embalagens individuais dos
produtos, como por exemplo, num pacote de maços de cigarros ou caixa de produtos
comestíveis de pequeno porte, o que permitirá traçar rotas do movimento dos
produtos furtados, podendo-se assim, mediante investigações mais apuradas
realizadas pela inteligência investigativa, mapear os grandes receptadores e,
por via de consequência, seus canais de distribuição meliante.
Não deixando de registrar ser indispensável melhor prover as forças operacionais (Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Policia Federal) com maiores recursos financeiros, melhorias salariais e operacionais (monitoramento das rodovias, uso de drones, aumento da segurança nas fronteiras, etc.), objetivando permitir uma ação efetiva no combate ao tráfico de drogas e armas e coibir roubo de cargas que em certa medida canaliza recursos para o tráfico de drogas e de armas em toda a nossa extensão territorial.
Não deixando de registrar ser indispensável melhor prover as forças operacionais (Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Policia Federal) com maiores recursos financeiros, melhorias salariais e operacionais (monitoramento das rodovias, uso de drones, aumento da segurança nas fronteiras, etc.), objetivando permitir uma ação efetiva no combate ao tráfico de drogas e armas e coibir roubo de cargas que em certa medida canaliza recursos para o tráfico de drogas e de armas em toda a nossa extensão territorial.
Fontes:
FIRJAN – Relatório Ambiente de Negócios – março/2017.
FIRJAN – Relatório Ambiente de Negócios – março/2017.
Waiselfisz. J. J. – in
Relatório de Violência no Brasil 2016.
Ferreira, M. – Relatório
de Roubo de Cargas – Instituto de Segurança Pública – E. do Rio de Janeiro
(2016).
Portal : www.g1.globo,com.br
MSCB Advogados
Associados – A responsabilidade Civil do Transportador de Carga .
Nenhum comentário:
Postar um comentário