domingo, 25 de fevereiro de 2018

Efeitos Logíticos da Ampliação do Canal do Panamá.

EFEITOS LOGÍSTICOS 
PRODUZIDOS COM A AMPLIAÇÃO DO 
CANAL DO PANAMÁ



Com investimentos que atingiram US$ 5,4 bilhões de dólares americanos e, após nove anos de intensos trabalhos que venceram diversos desafios, em 26 de julho de 2016, foi inaugurado o conjunto de novas eclusas da fase II do Canal do Panamá, destinadas a absorve, em grande medida, o fluxo de navios que transitam entre a Ásia e as Américas, que representa cerca de um terço do comercio entre essas nações.

Como explicitamos em nossa postagem anterior, vários fatores impulsionaram a necessidade dessa ampliação, fortemente influenciada pela busca de redução de custos via economia de escala, especialmente com a construção de navios com maior capacidade de transporte de contêineres.

Estudos realizados pela ACP (Autoridades do Canal do Panamá), como mostra o gráfico da figura 2, indicavam que o canal estaria estagnado e haveria riscos de uma queda no fluxo comercial marítimo que transitava pelo canal.


Figura 2 – Projeção de demanda de navios porta-contêineres.

Fonte: ACP/ANTAQ.

As principais rotas dos navios que transitam pelo Canal do Panamá são: Ásia - Costa Leste dos EUA; Ásia - Costa Leste dos EUA - Europa; Norte - Sul; Europa - Costa Oeste da América do Norte; Europa - Costa Oeste da América do Sul; e Oceania - Costa Leste dos EUA.

Essas rotas são cruzadas por diversos tipos de embarcações como, navios graneleiros; navios petroleiros; navios refrigerados; navios porta–veículos, incluindo nessa categoria os chamados navios Roll On–Roll Off (Ro-Ro – Figura 3); navios de carga geral, navios cruzeiros: e navios porta-contêineres


Figura 3 – Modelo de navio Roll-On-Roll Off.
Fonte: Google imagens.

Em verdade, tratou-se de uma necessidade imperiosa pois, sem essa ampliação, o Panamá, gradativamente perderia sua importância no fluxo de transporte das embarcações com elevados prejuízos para economia panamenha, em vários aspectos, entre eles:
  • Perda da sua importância, como rota estratégica para o comercio mundial;
  • Impacto dessa estagnação da economia do Panamá, comprometendo o seu crescimento e a geração de empregos.
Além disso, a China mostra grande interesse na construção de um novo canal transversal que unirá o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, partindo de Brito no Pacífico até Punta de Gorda no mar do Caribe, cortando o lago Nicarágua, como mostra a figura 4.

Esse mega projeto, que resultará em investimentos de US$ 40.0 bilhões de dólares, tem como estratégia garantir o suprimento de grãos e outros produtos, além de driblar a influência dos Estados Unidos na região.

Se erigido, num futuro próximo, poderá colocar em riscos a manutenção do fluxo de embarcações que transitam pelo Canal do Panamá.

O leitor interessado poderá examinar maiores detalhes em nossa postagem mostrada no link abaixo:




Figura 4 – Projeto chinês de Canal transversal.
Blog: professorgoncalves - http://professorgoncalves.blogspot.com.


Sobre o foco da logística propriamente dita, podemos considerar que a expansão do canal produziu efeitos benéficos no que se refere à economia de escala dado que embarcações com maior porte poderão transitar pelas eclusas, reduzindo o tempo de trânsito e promovendo melhorias nos custos dos fretes marítimos.

Outro aspecto importante dessa redução do tempo de trânsito pode ser verificado no comércio de produtos especiais e mesmos perecíveis, que precisam chegar rapidamente ao mercado, tais como: frutas tropicais, peixes e produtos sujeito a armazenagem em ambiente refrigerado, oriundos dos países da América Latina.

Estudos realizados pela Boston Consulting Group mostraram que o transporte de produtos agrícolas da região central do Estados Unidos para a Ásia, vão se tornar mais atraentes através do canal do Panamá; além do fato de que cerca de 10% do transporte de contêineres dos EUA para a Ásia sofrerem mudança de rota, passando da Costa Oeste para a Costa Leste, até o ano de 2020!

A construção de navios cada vez maiores, objetivando redução de custos logísticos, acabou por imprimir uma necessidade de ampliar os portos para recepcionar essas embarcações. Como bem explicitou um diretor de um porto da América Central: “a indústria naval não se importa quais portos precisa fazer para estar pronta ou quanto eles custam. Se você não estiver pronto, ele simplesmente o tiram fora da rota”.

Evidente que essa nova concepção de navios de grande porte provocou esforços conjuntos das autoridades portuárias no sentido de promover a dragagem dos portos, expandir ancoradouros, aquisição de novos guindastes porta-contêineres (figura 5) etc.

Figura 5- Guindaste porta contêineres.
Fonte: Google imagens.

O efeito dominó da ampliação do Canal do Panamá e a construção de grandes embarcações pode ser percebido pelo volume de investimentos que estão sendo projetados para o setor. 

Segundo a Associação das Autoridades Portuárias Americanas, só nos Estados Unidos, esses investimentos são estimados em US$ 155 bilhões e destinados à melhorias nos porto. Por exemplo, os portos de Baltimore, Norflok e Miami já estão preparados para recepcionar navios de grande porte.

A ponte de Bayonne (Figura 6) que liga New Jersey e Staten Island, em Nova York terá sua cota elevada em mais 60 pés, objetivando a passagem de navios porta contêineres maiores, que se destinam ao porto de Nova York e New Jersey.   

Do mesmo modo, os portos de Savannah,Ga e Jacksonville estão com seus projetos de dragagem em andamento.


Figura – 6 - Ponte de Bayonne – New Jersey e Staten Island.
Fonte: Google Imagens.

Semelhantemente o porto de Vera Cruz, no México, (figura 7) está recebendo investimentos da ordem de US$ 1.8 bilhões destinados a sua expansão.


Figura 7 – Porto de Veracruz - México.
Fonte: Google Imagens.

Idêntico processo está sendo desenvolvido no Brasil, Chile, Colômbia e Peru, impulsionados por essa nova avalanche de novos navios. Melhorias portuárias, introdução de novos guindastes, ampliação dos ancoradouros, dragagem etc. Nesses, os investimentos previstos estão estimados em US$ 30 bilhões de dólares americanos.

É evidente que os efeitos dessa expansão do canal se farão sentir ao longo dos próximos anos e o Canal do Panamá deverá continuar a ter papel preponderante na logística e no comercio internacional: de um lado com a redução das rotas marítimas e de outro lado, ampliação da economia global.

Fontes:

Serra, F.A.C; Neto, J.G.M e Weber, M.B – in Canal do Panamá – efeitos da expansão nos portos no Brasil – ANTAQ (2012).
Gonçalves, P. S. – China e Novas estratégias logísticas – Blog: professorgoncalves - disponível em: http://professorgoncalves.blogspot.com.br/2014/08/chinae-novas-estrategias-logisticas.html.
Canal do Panamá – Informações financeiras – disponível em  https://www.pancanal.com/eng/general/reporte-anual/InformeAnual-AF2016.pdf - acesso 17/02/2018.

Flores, Guilia P. in A expansão do canal do Panamá e os impactos sobre o comércio internacional – Monografia – Universidade Federal de Santa Catarina – 2017.

Logistics Management – US Port Update – Part 1 – Expanded Panama Canal Changes the Balance - disponível em http://www.logisticsmgmt.com/article/u.s._ports_update_part_1_expanded_panama_canal_changes_the_balance - acesso: 17/02/2018.

Porto Gente in Os impactos da expansão do canal do panamá – disponível em https://www.portogente.com.br/noticias/transporte-logistica/94162-os-impactos-da-expansao-do-canal-do-panama-no-setor-de-navegacao – acesso: 17/02/2018.


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