ESTIAGEM E REFLEXOS NA LOGÍSTICA
Se não bastasse a crise do setor
elétrico, os atrasos na realização de obras essenciais ao pátio gerador e
distribuidor de energia e uma política desastrosa de contenção de preços que
vem deixando as empresas distribuidores de energia num verdadeiro “poço sem
fundo” de dívidas que se acumulam, a estiagem prolongada vem colocando em risco
a capacidade de abastecimento e causa preocupações quanto ao adequado suprimentos
de água potável na cidade de São Paulo, a maior metrópole brasileira, além de
impedir uma adequada navegação no Tiete-Paraná.
Os índices pluviométricos tem-se
mostrados muito baixos em comparação com as séries históricas. Reservatórios
das hidroelétricas se encontram com um estoque de água abaixo dos níveis
esperados o que, de certa forma, poderá comprometer a geração de energia
elétrica.
Uma dicotomia se alinha diante
desse quadro. De um lado, um trabalho seletivo para a controlar a vasão dos
reservatórios objetivando impedir que atingiam níveis críticos que possam
comprometer a geração. De outro, as medidas para manter o represamento e
controle da vasão dos reservatórios das usinas geradoras, determinadas pelo Operador
Nacional do Sistema (ONS), acabou resultando no rebaixamento do calado para a navegação, como é o caso do Tietê-Paraná que serve de fluxo de transporte de
produtos.
O reflexo imediato ocorreu em duas
frentes: de um lado, os operadores logísticos que atuam no transporte por esse
manancial hídrico estão dispensando cerca de 700 empregados e vê
consideravelmente reduzida a possibilidade de transportar por esse modal três
milhões de toneladas de grãos e celulose destinadas ao Porto de Santos.
Com isso, os produtores do
agronegócio são obrigados a buscar alternativas para escoar suas produções,
recaindo no modal rodoviário, com uma elevação de custos da ordem de 300%!
Comparativamente, enquanto que o
transporte pela hidrovia tem um custo médio de R$ 45,00 por tonelada
transportada, no modal rodoviário esse valor se eleva para R$ 175,00 por
tonelada. A eficiência operacional também tem grandes reflexos, bastando
verificar que um comboio fluvial de 100 mil toneladas tem a mesma carga
transportadas por 200 caminhões!
Além de encarecer os custos, aumentar a poluição e o consumo de combustíveis fósseis, também eleva o fluxo de veículos
que passam a transitar nas rodovias, proporcionando assim a possibilidade de um
maior congestionamento e riscos de acidentes.
Porém, no que se refere ao suprimentos de energia
elétrica, é importante registar, conforme relata Velloso, que:
“as razões para o desequilibro entre a oferta e demanda estão nos vários
atraso de entrega de obras o que, em boa medida, se deve ao populismo tarifário,
e em sérios defeitos no planejamento do sistema, a cargo do governo.”
Fonte:
Portos&Navios
– in http://www.portosenavios.com.br/portos-e-logistica/24164-estiagem-tambem-afeta-hidrovia-tiete-parana - acesso 11/08/2014
Velloso, R- in O
mico ficou com as distribuidores – O Globo – 11/08/2014
Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em
engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das
seguintes obras didáticas:
•
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E.
Schwember – Editora Interciência;
•
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
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