Sustentabilidade
e a política nacional de resíduos sólidos
"A
nação se comporta bem quando trata de recursos naturais como bens que devem
aumentar para a próxima geração, e não prejudicar estes recursos em termos de
valor."
Theodore Roosevelt
Theodore Roosevelt
A preocupação com a degradação do
ambiente deve ser permanente. Tomou lugar de forma mais presente com educação
com foco na sustentabilidade e através de ações integradas visando coibir a
poluição ambiental em todos os seus vetores.
Aliado à preservação ambiental, o
governo Federal criou o que passou a ser denominado de Política Nacional de
Resíduos Sólidos, instituída através da Lei 12.305 de 02/08/2010, o que é um
avanço significativo na prática ambiental.
As responsabilidades quanto ao uso,
manuseio e transformação de produtos e seu descarte passaram ao abrigo da Lei,
visando assim normatizar e viabilizar o processo de coleta e reaproveitamento dos
resíduos sólidos.
Após a coleta, esses resíduos são
submetidos a um processamento com a finalidade da obtenção de insumos e novos
produtos. Ao final desse processo de recuperação para a obtenção de
insumos, os resíduos que não apresentam condições de um reaproveitamento
economicamente viável, recebem tratamento especial para a destinação
final dos rejeitos.
Os objetivos dessa política estão vinculados
ao desenvolvimento sustentável e a visão sistêmica da gestão e destinação dos
resíduos sólidos, levando em conta aspectos: ambientais, sociais, culturais,
econômicos, tecnológicos e serviços públicos, com primordial foco na prevenção
e precaução quanto ao manejo e destinação desse resíduos.
Esse dispositivo legal estabelece que
todas as empresas e/ou associações de classe tenham o denominado Plano
Pós-Consumo ou Politícas de Logística Reversa (destinada a viabilizar a coleta
e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial com objetivo de
reaproveitamento dos mesmos). Na contramão da lei, essas entidades poderão
sofre penalidades mediante ação do Ministério Público.
Objetivando uma ação integrada na
reciclagem dos resíduos, foi criado o Cempre - Compromisso Empresarial para
Reciclagem, que é uma “associação sem fins lucrativos dedicados à promoção da
reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo”.
A principal missão do Cempre é promover
o conceito de Gerenciamento Integrado do Resíduo Sólido Municipal; promover a
reciclagem pós-consumo e difundir a educação ambiental com foco na teoria dos
três R's (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).
Dentro desse enfoque, um grupo de
grandes empresas, entre elas, a Coca-Cola, Ambev, Unilever, Nestlé, Pão de
Açúcar e Carrefour firmaram um documento homologando um acordo liderado pelo
Cempre, destinado a promover a reciclagem dos resíduos sólidos, com o apoio do
Movimento Nacional de Catadores.
As estimativas preliminares indicam
uma perspectiva de recolher diariamente, cerca de 3.800 toneladas adicionais de
lixo reciclável, o que significa, em termos percentuais, aproximadamente 20% de
tudo que é recolhido no país.
No que se refere aos catadores, segundo
o IPEA (2013), “eles têm baixa escolaridade e vivem nas cidades com uma renda
média de R$ 571,56” . Em 2013 eles produziram um volume reciclado de 504
toneladas, como mostra a figura 2
Figura 2 – Reciclagem de material
Para a coleta seletiva, foram
definidas cores para os recipientes que receberão os resíduos de acordo com
suas características e já se encontram em uso, embora de forma ainda bastante
tímida.
A figura 3 apresenta as cores que
caracterizam os contentores destinados a coleta seletiva, assim como a
simbologia utilizada para cada tipo de material.
Figura 3 – Coleta seletiva -
característica de cores e símbolos
Embora tenhamos quatro anos da
promulgação da Lei, ainda engatinham os processos. Há muito o que fazer!
Descartes de produtos tais como:
celulares, monitores, pilhas, lâmpadas principalmente as fluorescentes e tipo
PL (Purpose Lamps) e tantos
outros produtos, ainda continuam sem uma destinação final adequada, sem contar
com os lixões que não foram totalmente desativados!
É bom lembrar que a reciclagem reduz
o consumo de recursos naturais não renováveis, assim como o volume de resíduos
gerados de plásticos, metais, vidros, papelão, papel e tantos outros materiais.
Apesar dos esforços, há um contrassenso
do governo no que se referem às questões tributárias. Por exemplo, o Imposto
sob Produto Industrializado (IPI) de resina plástica adquirida de um fabricante
que a produz sem uso de qualquer insumo reciclado é o mesmo para a resina oriunda
de insumos reciclados!
Outra questão conflituosa são as
diferenças de Impostos sob Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que tem
alíquotas diferenciadas entre Estados o que acaba criando uma perversa situação
quando a reciclagem de produtos!
Ajustes ocorrerão, mas isso é um processo que vai
demorar ainda um bom tempo para criar corpo e tornar-se uma realidade. O que não
podemos é continuar na prática de poluir e agredir o ambiente no qual convivemos!
Fonte:
Lisboa, C – Os que sobrevivem do lixo – Revista do IPEA - Ano
10 - Edição 77 - 07/10/2013 – acesso: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2941:catid=28&Itemid=23
Vieira, A – in O preço do lixo – Economia Verde – O
Globo19/06/2014.
Lei 12.305 de 02/08/2010 - Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
________________________________
Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em
engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
·
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember –
Editora Interciência;
·
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
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