sexta-feira, 1 de agosto de 2014

China e novas estratégias logísticas

CHINA e novas estratégias logísticas.
Com uma visão estratégica fantástica, a China busca alternativas para o canal do Panamá. Para isso pretende desenvolver a maior obra de engenharia dos últimos tempos!


Com objetivo de criar rotas alternativas para o transporte de produtos destinados a importação e exportação, Xi Jinping anunciou na reunião dos BRIC´s (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizada no Brasil nos dias 15 e 16 de julho deste ano na cidade de Fortaleza, que a China estará engajada no projeto de construção do maior canal navegável do mundo!

Esse projeto destina-se a construção de um canal transversal que unirá o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, partindo de Brito no Pacífico até o Punta de Gorda no mar do Caribe.
Essa obra capitaneada pela HKND Groups, liderado pelo magnata Wang Jung, terá um investimento estimado em US$ 40 bilhões (quatro vezes o PIB da Nicarágua) e deverá estar em operação em 2019. Os legisladores nicaraguenses, num esforço conjunto, aprovaram um acordo que permitirá que a empresa chinesa, com exclusividade, construa e explore por 50 anos o canal.

Além das questões relacionadas a atender a uma crescente demanda por transporte marítimo, há razões geopolíticas importantes. Diferentemente do canal de Panamá que é protegido pelos Estados Unidos, o canal que a China pretende construir na Nicarágua ficará subordinado ao próprio país. 

Com essa vantagem estratégica a China garantirá o suprimento de grãos e outros produtos, além de driblar a influência dos Estados Unidos na região!  Nesse sentido, vale registrar as palavras do embaixador Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China: “.. o que é impressionante no caso da China é a visão estratégica e a capacidade de realização.”

O canal terá uma extensão de 286 quilômetros no corredor de navegação, incluindo 80 quilômetros através do Lago Nicarágua e permitirá, pelo seu porte, a passagem de grandes embarcações de até 250.000 toneladas. A área a ser alagada, após a sua construção, foi estimada em 400 quilômetros quadrados, além da construção de duas eclusas de 30 metros.

Inúmeros obstáculos deverão ser vencidos na sua construção, especialmente porque o projeto prevê a passagem pelo Lago Nicarágua, muito rico em biodiversidade, que poderá ser afetado pelo fluxo de embarcações de grande porte que por ele irão navegar. Além disso, o projeto prevê o trajeto por áreas densamente arborizadas nas florestas e por reservas indígenas, o que poderá afetar o equilíbrio do ecossistema da região.

Um dos efeitos mais preocupantes está relacionado ao efeito que o fluxo de grandes navios poderá provocar no Lago Nicarágua, o maior lago da América Central, pois além da sua biodiversidade, ele é uma das principais fontes de água doce.

Esse canal tem também por objetivo atender a demanda insatisfeita para o transporte entre os continentes que foram estimadas, numa projeção para o ano de 2025 entre 500 a 800 milhões de toneladas.

Outra questão se impõe, qual seja a possibilidade de haver uma concorrência entre o Canal de Nicarágua e o Canal do Panamá. Estudos preliminares apontam que, a abertura do novo canal deverá tirar a metade do tráfego do Canal do Panamá.  Para termos uma ideia do impacto, segundo a revista The Economist, o canal do Panamá tem uma receita de US $ 2 bilhões, dos quais cerca de US $ 700 milhões são destinados ao Tesouro do Panamá.

Os estudos já se encontram na fase avançada pois há previsão de inicio da obra ainda neste ano, porém muitas questões e desafios surgirão ao longo da execução desse projeto que poderá ser considerado a maior obra de engenharia dos últimos tempos!

Fonte:
Nicaragua plans rival canal route - BBC_News in http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/5405884.stm -  acesso 30/07/2014
Gran Canal Interoceanico por nicaragua – disponivel em http://enriquebolanos.org/desarrollo_soc_economico/grancanal/Canal%20x%20Nicaragua%20-%20Perfil%20Agosto%202006.pdf – acesso 30/07/2014.
Fariello, D – in  China busca alternativas ao canal de Panamá – O Globo 27/07/2014  pag. 39.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência


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