CRESCIMENTO E INFRAESTRUTURA
Um exemplo no Brasil Central
“A riqueza do campo já se multiplica para outros setores!”
Furlan in Revista Exame.
As potencialidades do Brasil não
estão em jogo! O que discutimos é a capacidade do Governo colocar um time de
primeira linha com objetivo de alavancar projetos de infraestrutura básica que
permitam um crescimento espetacular desse país continental, abrindo um leque de
oportunidades para grandes investimentos.
Pegando emprestados dados recentes
sobre o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro, formado pelos Estados de Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, como mostra a figura 2, verificamos
que a região é a maior produtora de grãos do país, atingido uma produção de 78
milhões de toneladas na safra 2013/2014. Esse recorde é também atribuído a alta
produtividade de grãos na região que chega a atingir 3,1 toneladas por hectare,
enquanto que nos Estados Unidos esse índice é de 2,9 toneladas por hectare!
Figura 2 - Centro-Oeste
brasileiro
Esse vetor de desenvolvimento da
região necessita ser equacionado com um suporte de infraestrutura adequada que
permita garantir o crescimento da região e por via de consequência, permitir a
diversificação de negócios. Estudos realizados pelo Itau-Unibanco estimam que a
região deve atrair, nos próximos anos, investimentos da ordem de US$ 50 bilhões
de dólares, envolvendo os setores varejo, indústria automotiva, saúde, entre outros.
O mesmo estudo indica ainda um
crescimento de 48 % (quarenta e oito por cento) no PIB da região, quando é feita uma comparação
entre o período 2008/2013 com o as projeções para o período 2014/2020.
Um dos grandes entraves para esse
fantástico desenvolvimento é a deficiência estrutural de apoio no transporte
dos grãos, que continua a criar consideráveis desafios para o escoamento da
produção, muito especialmente nos períodos de safras. Retrato desse descaso
pode ser verificado nas enormes filas de caminhões que se forma ao longo de
rodovias e, mais recentemente ficam aguardando em pátios improvisados, para o
escoamento da produção até os portos de Santos e Paranaguá. Cerca de 15
mil caminhões passam por dia próximo nas rodovias, no pico da colheita da safra
de soja e milho, nas regiões produtoras mato-grossenses, entre fevereiro e maio
!
Um exemplo dos desafios enfrentados
pelos agricultores do centro-oeste pode ser visto no vídeo do link indicado a
seguir
Os gargalos logísticos da nossa
infraestrutura, calculados em estudo comparativo com outras regiões do mundo em
termos de custos médio de transporte de grãos exportados para a China, permitem
chegar a situações alarmantes como US$ 185 dólares por tonelada para Centro-
Oeste brasileiro, enquanto que em Illinois, nos Estados Unidos, esse custo atinge
U$ 71 dólares por tonelada.
Apesar da nossa vantagem
competitiva em termos de produtividade por hectare comparativamente a
produtividade do Estado de Illinois (EUA) sofremos baixas consideráveis com a
deficiência na infraestrutura e perda da safra por falta de silos e com os
desafios para levar o produto até os portos brasileiros.
Em termos de espaço para a
armazenagem da produção de grãos, o Brasil está necessitando silos com uma
capacidade de 42 milhões de toneladas.
As estimativas de investimentos necessários
para tornar a infraestrutura adequada ao volume de produção e a expansão da
região foi estimada em cerca de US$ 30 bilhões de dólares no período 2014/2020,
em sua grande parte, cerca de US$ 26,0 bilhões
de dólares precisarão ser destinados aos modais de maior capacidade de
transporte, entre eles o ferroviário e o hidroviário, assim como na
infraestrutura de apoio para uma operação adequada desses modais.
Um comboio com 56 vagões de 70
toneladas que tem um comprimento total de 1,7 quilômetros e equivale a 175 carretas bi-trem graneleiro com capacidade para 35 toneladas ocupando uma
extensão de 3,5 km, enquanto que no hidroviário, um comboio duplo com quatro
chatas e um empurrador tem capacidade de carga de 6.000 toneladas, equivalentes
as 175 carretas bi-trem.
O Brasil, um gigante com grandes potencialidades
em todos os campos, necessita urgentemente de investimentos de qualidade e bem
direcionados com objetivo de alavancar ao desenvolvimento do país, expandir sua
economia e trazer grandes benefícios para todos!
Fonte:
Furlan, F. – in O celeiro pode render mais –
Exame – edição 1067 – Ano 48 – No. 11 – pag.114/ 118.
Capacle CorreaI,
V.H e Ramos, P – in A precariedade do transporte rodoviário brasileiro para
o escoamento da produção de soja do Centro-Oeste: situação e perspectivas -
Rev. Econ. Sociol. Rural vol.48 no.2 Brasília Abr./Junho 2010.
Rogrigues, R.A e Lembruber, T. in Projeto de
Sistemas Oceânicos 2 – Relatório I – Revisão 02 – in http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/2008/Ricardo_Thiago/relat1/
- acesso 03/06/2014.
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Paulo Sérgio
Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ,
professor do IBMEC/RJ e autor das
seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em
coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora
Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial –
Editora Manole.
www.jornadatrabalhomotoristas.com.br
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