VEÍCULOS AUTÕNOMOS – UM PESADELO AUTOMOTIVO?
No contexto de veículos
autônomos, a Sociedade de Engenheiros Automotivos - SAE (Society of Automotive
Engineers), que é uma organização responsável pelos estudos relacionados a
engenharia automotiva e montadoras de veículos, classifica os veículos operando
com a intervenção da Inteligência a Artificial (AI) em 5 níveis.
Esses níveis parte da
classificação N0, situação na qual veículo é integralmente conduzido por um ser
humano, até o nível N5, quando não há necessidade da intervenção humana,
independente da estrada ou do ambiente no qual circula.
Em artigo que publiquei neste Blog tratei, indiretamente, desse
tema, quando noticiei uma enorme pesquisa realizada pelo MIT (Massachusetts
Institute of Technology), cujo objetivo era criar processos decisórios a serem
implementados nos veículos com AI embarcada, para a condução dos mesmos,
diante de situações adversas, como por exemplo, a presença de um transeunte
inesperado na rota do veículo.
Esse projeto levou o nome
de “Moral Machine” e seu objetivo, após a coleta dessa pesquisa que obteve mais
de 40 milhões de respostas, era alimentar um sistema de machine learning para
que o software de AI passasse a tomar a melhor decisão diante de eventos
complexos inesperados.
A navegação de um veículo
que utiliza da inteligência artificial é realizada mediante um planejamento da
rota que realiza, associando cada ponto ao mapa digital de alta definição e
utilização de algoritmos que passam a prever (baseados no Moral Machine, por
exemplo) a intenção dos veículos e pedestres existentes nas dinâmicas das rotas
que o veículo vai percorrer.
Como explica Kai-Fu Lee
(2022 in 2041), “O grande obstáculo para se chegar a um nível N5 é que o
software de AI precisa ser treinado com uma grande quantidade de dados que
representam a “direção real” diante de vários cenários” , especialmente porque
o desafio maior aqui, diante da situação com descrita no projeto Moral Machine,
é a eventual perda de uma vida humana!
Apesar de todo o progresso
que vem sendo realizado em direção aos veículos autônomos, há situações
extremamente complexas em que a AI, por mais sofisticada que seja, poderá se
confundir ou mesmo não ser operacional em função, por exemplo, de desastres
naturais, ações de hackers, falhas no GPS ou até influência das atividades
solares (tempestades geomagnéticas) que, quando intensas, causam problemas em
equipamentos eletrônicos etc.
Questões em torno do tema
são frequentemente levantadas! Quando o ser humano causar um acidente enquanto
dirige um veículo ele provavelmente responder a um processo judicial com todos
os desdobramentos possíveis; porém quando um carro autônomo provocar um acidente
quem será responsabilizado: o fabricante do veículo? O programador da AI? O
engenheiro que criou o algoritmo? Até a presente data não temos respostas para
essas questões !
Outro aspecto relacionado
à autonomia automotiva está vinculado a empregabilidade. O Brasil, segundo
dados do Ipea, possui 1,5 milhão de pessoas que trabalham com transporte de
passageiros e entregas de mercadorias, com aproximadamente 82% desse total
envolvendo motoristas de aplicativos e taxistas. Apenas para registro, Nova Iorque
(Big Apple) possui 14.000 táxis amarelos.
Pensemos agora na
automação e na presença do carro elétrico! Milhões de pessoas estarão
desempregadas em todo o planeta, envolvendo condutores de veículos, frentista
de posto de combustíveis, operadores de estacionamento e toda a cadeia
produtiva que se expande desde a fabricação do veículo até o seu giro por ruas
e estradas.
Assim como tivemos um
grande impacto quando James Watt inventou a máquina a vapor que deu
origem as locomotivas a vapor, para o transporte de pessoas e cargas,
cujo resultado foi o desaparecimento de carruagens puxadas a cavalos, seus
cocheiros, estalagem etc., vivemos hoje, embora em outro cenário, algo
semelhante, quando os veículos autônomos começarem a percorrer em grande
escala, os diversos espaços nas autovias e rodovias !
Voltamos ao velho dilema
de Tebas e sua esfinge: “Decifra-me ou lhe devoro !”
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