segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Prisioneiros dos Algoritmos

 

PRISIONEIROS dos ALGORITMOS


A palavra algoritmo tem sua origem persa, em uma referência à al Khawarizmin, matemático, astrônomo e geografo, um erudito da Casa da Sabedoria em Bangdade (Gonçalves-2018).

Buscando uma definição clássica, a Universidade de Oxford elaborou a seguinte descrição: “um algoritmo é um conjunto de regras ou instruções bem definidas para solução de um problema.” (Gonçalves-2018).

Na verdade, a nossa vida é permeada por algoritmos que, em muitos casos, utilizamos de forma bastante intuitiva, como por exemplo, acessar um andar de um edifício: temos que apertar o “botão” para chamar o elevador e indicar o andar que pretendemos chegar.

Em muitas situações ficamos prisioneiros dos algoritmos, como por exemplo, a escolha de uma rota no aplicativo do UBER. Uma vez aceita a corrida, por um motorista, o mesmo passa a ser controlado pelo algoritmo da plataforma do sistema. A precificação, assim como o trajeto, já foram estabelecidos pelo aplicativo do Waze!

Os algoritmos evoluíram exponencialmente, em especial com as técnicas utilizadas pela inteligência artificial (AI) que opera com um massivo volume de dados gerados e disponibilizados nas redes. Vale lembrar que a AI sem dados é como um veículo sem combustível!

A evolução acelerada também ocorreu através das técnicas de deep learning, quando o algoritmo treina o computador para aprender sozinho através do reconhecimento de padrões em várias camadas de processamento e vão se aprimorando e se sofisticando cada vez mais.

Já comentei nesse espaço que o Facebook (futuramente Metaverso), possui algoritmos que, baseado nas interações dos usuários nas suas plataformas (FB, WhatsApp, Instagram etc.), classifica e cataloga os internautas e, com base nos perfis gerados, são capazes de manipular suas ações com vários propósitos: comprar um produto, “simpatizar” com um político etc.

Embora esses algoritmos não sejam “inteligentes”, eles têm a capacidade de afetar o mundo, visto que eram projetados para maximizar a probabilidade de o usuário da rede clicar em uma determinada oferta. Lembrar do caso da TARGET que citei em uma postagem anterior!

Essa visão mudou radicalmente, a partir do momento em que a solução procurada é “manipular” o internauta, dirigindo-o a uma escolha e, nesse sentido, eles atuam buscado modificar as preferências dos usuários, tornando assim o resultado esperado mais previsível!

Como explicita Russel: “como qualquer entidade racional, o algoritmo aprende a modificar as condições de seu ambiente (a mente do usuário) ... Entre as consequências disso estão o ressurgimento do fascismo, a dissolução das democracias no mundo todo e, potencialmente, fim da União Europeia e da Otan.” (Russel 2020).

Ao final, caímos no velho desafio da esfinge de Tebas: "Decifra-me ou te devoro"!


Fonte: Gonçalves, P.S. in Bom dia, senhor algoritmo, meu mestre e meu senhor – disponível em https://professorgoncalves.blogspot.com/2018/11/algoritmos-mestre-e-senhores.html.

Russel, S. in Human Compatibile: Artificial Intelligence and the Problem of Control. Nota: A obra foi traduzida para o português levou o título de : Inteligência Artificial a Nosso Favor – Editora Cia das Letras (2021).




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