A EXPANSÃO DO CANAL DO PANAMÁ
Com um aporte de recursos da ordem de US$5,25
bilhões, deverá ser inaugurada em abril de 2016 a nova expansão do Canal do
Panamá.
Essa expansão vai implicar na
necessidade de os operadores logísticos, em especial carregadores e
transportadoras, a reestruturar suas atividades com a finalidade de atender as
novas estratégias e novas operações, principalmente em função do aumento da
complexidade que vem surgindo no campo da logística.
A figura 2 apresenta como ficará a nova
capacidade de fluxo do Canal do Panamá após a sua expansão.
Figura 2 – Expansão do Canal do Panamá.
Fonte:
www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/
Essa é a primeira grande reforma que o Canal do Panamá sofreu, desde a
sua abertura em 1914 e será de grande impacto na indústria logística global,
muito especialmente no que se refere ao manuseio e transporte de cargas para os
EUA.
Hoje o volume de carga que passa pelo canal vem excedendo a sua capacidade no escoamento de navios o que vem causando engarrafamentos, muito especialmente nos horários de pico.
Estimativas projetadas pela The Boston Consulting Group e CH Robinson
indicam que haverá um aumento de 10% no tráfego de contêineres entre a Ásia e
os Estados Unidos que serão redirecionados dos portos da Costa Oeste para os
portos da Costa Leste, até o ano 2.020.
A expansão do canal envolverá tanto as questões de capacidade de fluxo,
com também o aumento da capacidade de carga dos vasos de transporte, uma
vez que absorverá a nova geração de navios, como por exemplo, a linha Panamax
(figura 3) que tem capacidade de transportar em seu bojo até 18.000 contêineres
de 20 pés equivalentes (TEUs).
Importante registrar que esses novos navios cuja extensão chega a cerca de
quatro campos de futebol americano (aproximadamente 440 metros), são
responsáveis por 16% da frota de contêineres existente no mundo.
Figura 3 – evolução da capacidade dos
navios de contêineres
Fonte:
www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/
Se por um lado, essa expansão aumentará consideravelmente o fluxo de
transporte através do Canal do Panamá, de outro ela acabará impulsionando a
necessidade de novos investimentos logísticos para dar suporte a esse aumento
de fluxo, como por exemplo, ampliação de portos, o mesmo acontecendo com a
profundidade dos seus canais e a instalação de guindastes de maior capacidade.
A nova frota de navios de grandes capacidades e o aumento da velocidade
operacional do sistema do Canal do Panamá é um binômio que vai alavancar também
investimentos para a modernização das instalações portuárias.
Decisões de investimentos, assim como o redirecionamento das rotas dos
veículos de transporte dos modais rodoviários e ferroviários serão influenciadas
por essa expansão.
O mesmo acontecerá com relação ao trade-off
experimentado pelos transportadores na equação de “velocidade de transporte
versus custos” aliado ao aumento nos serviços de distribuição o que, de certa
forma, também impulsionará o crescimento de novos investimentos em centros de
distribuições para atender a crescente demanda de produtos.
A AAPA (Associação Americana de Autoridades Portuárias) estima que os
investimentos na expansão de portos e instalações portuárias privadas deverão
envolver aproximadamente US$ 9,0 Bilhões!
Essas reformas podem ser divididas em três configurações:
- Novas malhas terrestres –
através de rodovias e ferrovias;
- Novas ampliações aquaviárias
– através do alargamento e aumento da profundidade dos portos para se
adequarem a nova categoria de navios;
- Novas estruturas portuárias
– através da ampliação e modernização da infraestrutura portuárias, como
por exemplo, uso de guindastes de maior capacidade de carga e maior
velocidade na transferência dessas cargas entre modais.
As estimativas nesse âmbito, segundo a AAPA é de que 125 novos projetos sejam
destinados melhorias na infraestrutura.
Indiscutivelmente, além de aumentar a sua capacidade de operação, a
ampliação do Canal do Panamá, produzirá um efeito dominó, por impulsionar
consideravelmente a oferta de infraestrutura
em todas as suas vertentes que serão propagadas ao longo de todas as cadeias de
suprimentos.
Fonte:
Robinson C.H. and others in Wide Open -
How the Panama Canal Expansion - Is Redrawing the Logistics Map. - BCG Report –
2015.
Washington Posts – Modarnization of Panama
Canal - www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/ - acesso: 21/12/2015.
SupplyChain247 in http://www.supplychain247.com/article/how_the_panama_canal_expansion_is_redrawing_the_logistics_container_map/c.h._robinson - acesso: 21/12/2015.
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PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em
Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional –
Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição
– Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e
Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O
Essencial – Editora Manole.
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