TECNOLOGIA DE FRACKING - UMA Solução ou um grave problema ecológico?
Já comentamos em
postagem neste blog (18/11/2013) sob o impacto causado pela descoberta de uma
grande fonte de gás de xisto nos Estados Unidos.
O processo
de exploração desse gás acontece através da utilização de uma tecnologia que se
baseia numa forma de perfuração não-convencional, onde água, areia e
produtos químicos são injetados sob alta pressão no subsolo e dessa forma
acabam por quebrar o xisto betuminoso poroso, permitindo assim a recuperação do
gás. Esse gás é denominado de gás de xisto ou shale gas.
O
gás de xisto encontra-se impregnado nas rochas e na formação geológica. As
tecnologias mais recentes mostraram-se eficientes para a sua extração através
de perfurações horizontais e o procedimento de fraturar a rocha, injetando
sobre alta pressão água, explosivo e o denominado fracking fluid.
Essas tecnologias tem um grande diferencial, qual seja, permitir a exploração das
reservas de gás ou petróleo não alcançadas pelos método convencional.
O grande
problema no seu uso está relacionado aos efeitos causados ao solo
e aos lençóis freáticos! Uma discussão que se prolonga a algum tempo, em especial, em razão
das dúvidas quanto ao impacto ambiental causado na extração desse gás. Essa é uma das razões pelas quais o uso da tecnologia de fracking
não é permitida em alguns países da Europa.
Uma reportagem bem completa sobre a
devastação que o fracking está
produzindo nos Estados Unidos pode ser visualizada no link abaixo:
As pressões
econômicas para a utilização desse gás são enormes e, em razão disso, a
extração do gás vem sendo expandida, muito especialmente nos EUA e Reino Unido.
O Brasil,
segundo dados de levantamentos geológicos realizados ANP, tem um grande
potencial para exploração desse combustível. Desde 2012 foram iniciados testes
para exploração dessa alternativa energética no Vale do Paraíba (MG) e Recôncavo
Baiano e Pareci (MT).
A Agencia
Nacional de Petróleo (ANP) vê no fracking
uma alternativa para a produção de energia elétrica através da utilização dos
depósitos de óleo e gás, que são extraídos do subsolo por métodos não
convencionais.
O grande
problema, como mencionado, está justamente na tecnologia (Figura 1) utilizada para obtenção do gás
uma vez que na sua extração são injetados no solo o denominado fracking fluid que contém 609
componentes químicos que são misturados com água antes da injeção.
Figura 1 - Tecnologia de Exploração.
Embora a
fórmula do fracking fluid contenha componentes “secretos”, por estar sob
direito de sigilo e assim os fabricantes não obrigados a fornecer a composição
do produto, pesquisadores já identificaram: bário, arsênico, querosene,
etil-benzeno, metais tóxicos e outros componentes que são cancerígenos ou
causadores de doenças graves.
De um lado, no que se refere a exploração vale registrar, segundo estudos mais recentes, que o custo de produção nos campos mais representativos dos Estados Unidos, como a Bakken – um dos maiores produtores norte americanos, localizado em Dakota do Norte com produção de 300 mil barris diários, se aproximam dos US$ 70 dólares/barril.
De um lado, no que se refere a exploração vale registrar, segundo estudos mais recentes, que o custo de produção nos campos mais representativos dos Estados Unidos, como a Bakken – um dos maiores produtores norte americanos, localizado em Dakota do Norte com produção de 300 mil barris diários, se aproximam dos US$ 70 dólares/barril.
Com
a guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita, os analistas fazem
prognósticos de que neste ano (2015) o preço médio do barril de petróleo deve
oscilar entre 55 a 60 dólares!
De outro, estudos realizados pela Agência Nacional de
Petróleo (ANP) indicam que, em alguns
casos, a produção do poço declina em até 80% após um ano de exploração, como
mostra o resultado das pesquisas realizadas pela ANP (Figura 2).
Figura 2 –
Vida útil de um poço.
Fonte: ANP
– Agência Nacional de Petróleo.
Segundo relatos recentes, empresas como a Exxon Mobile, Shell e
British Petroleum, já abandonaram o uso dessa tecnologia para a extração do gás
em face do rápido declínio na produção do poço explorado.
Independente disso, a exploração em si já produz sérios problemas ecológicos, haja vista a quantidade de produtos tóxicos injetados no solo que comprometem a saúde!
Figura 3 –
Devastação e contaminação
Um exemplo bem expressivo pode ser visualizado através do vídeo no link indicado:
Esse vídeo está baseado em um documentário produzido por Pino Solanas, que desnuda a realidade do processo de exploração do gás e faz severas críticas a exploração de poços na Argentina.
Esse vídeo está baseado em um documentário produzido por Pino Solanas, que desnuda a realidade do processo de exploração do gás e faz severas críticas a exploração de poços na Argentina.
Nos Estados
Unidos, por exemplo, não é incomum moradores das regiões aonde o fracking é explorado, abrirem as
torneiras de suas residências e utilizando um fósforo, transformam o jato de
água em uma labaredas devido a presença de gás misturado com a água. Além
disso, os poços abandonados causam uma verdadeira devastação na região antes destinada a exploração do gás (Figura 3).
O legado após
o abandono dos poços é água e solo contaminados!
Fonte:
Fernández y Fernández, E – in “Em
debate a tecnologia de “fracking” na exploração de gás” – disponível em http://oglobo.globo.com/blogs/fernandez/posts/2010/05/24/em-debate-tecnologia-de-fracking-na-exploracao-de-gas-294223.asp - acesso: 30/12/2015.
As contradições do
fracking ou fraturamento hidráulico - disponível em: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/1875-as-contradicoes-do-fracking-ou-fraturamento-hidraulico.html - acesso: 30/12/2015.
Nycz, Z
e Pugnaloni, I in ANP promove
exploração que pode contaminar aquífero Guarani. Disponivel em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fracking.html
- acesso 14/01/2015.
González, L e Vispo,L.F in Fracking la polémica bajo tierra –
01/junho 2013. Disponível em: http://www.revistafusion.com/201307012706/Reportajes/Reportajes/fracking-la-polemica-bajo-tierra.htm - acesso : 06/01/2015.
Nadal, A. in Guerra de preços: A Arábia Saudita e o fracking - disponível em http://www.esquerda.net/artigo/guerra-de-precos-arabia-saudita-e-o-fracking/35273 acesso: 06/01/2015.
Nadal, A. in Guerra de preços: A Arábia Saudita e o fracking - disponível em http://www.esquerda.net/artigo/guerra-de-precos-arabia-saudita-e-o-fracking/35273 acesso: 06/01/2015.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ,
professor do IBMEC/RJ e autor das
seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e
Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição –
Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O
Essencial – Editora Manole.
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