RODOVIAS BRASILEIRAS
Um dos grandes
desafios do nosso país, para os próximos anos, é reduzir consideravelmente os
gargalos da nossa infraestrutura que vem impactando o desenvolvimento,
aumentando os custos logísticos, reduzindo a nossa produtividade e
competitividade, além de atingir diretamente a população das grandes cidades em
face da precária estrutura destinada à mobilidade urbana.
Nos últimos anos houve uma queda na avaliação da infraestrutura, conforme pesquisa realizada pela revista EXAME, junto aos executivos do setor de logística. A nota caiu de 5 em 2011 para 4,8 em 2014, valendo lembrar que essa nota em 2009 era de 5,2.
Examinando os principais impactos negativos da atual infraestrutura, esses executivos, em sua maioria, apontaram: aumentos de custos (99%), aumento do prazo de entrega (99%), perda de renda (95%), inviabilização de investimentos privados (92%) e aumento de estoques (90%).
Estimativas da McKinsey, indicam que serão
necessários R$ 5 trilhões (US$ 2 trilhões) em 20 anos, para que o Brasil possa
atingir um nível em sua infraestrutura que permita o seu desenvolvimento,
conforme entrevista de Vicente Assis, presidente da consultoria à Exame por
ocasião do 4º Exame - Fórum Infraestrutura.
Na
classificação do Fórum Global de Competitividade a nossa infraestrutura ficou
em 114º lugar com uma pontuação média de 3,4 enquanto que a média dos BRIC´s
(Brasil, Rússia, Índia e China) é de 4,3 pontos.
No
que se refere especificamente à qualidade das nossas estradas, o Brasil se encontra
na 122ª posição entre 144 países analisados, atrás de países como o Chile
(31ª), Suriname (70ª), Uruguai (90ª), Bolívia (95ª), Peru (102ª) e Argentina
(110ª), todos situados na América do Sul.
Nesse sentido é importante
registrar que apesar de o modal rodoviário ser o de maior predominância do
Brasil, cujo volume de rodovias, segundo dados do Sistema Nacional de Viação, é
de 1.691.522 km; apenas 203.599 km são pavimentados, o que representa 12% do
total.
Figura 2 - Crescimento das rodovias nos últimos 10 anos.
Fonte: Pesquisa CNT de rodovias – 2014.
Nos últimos 10 anos as rodovias
apresentaram um acréscimo significativamente modesto, atingindo o patamar de
13,8 %, como mostra a figura 2. A situação ainda é mais grave se compararmos esse
acréscimo com o crescimento da frota de veículos no mesmo período, que passou de 37.863.432 para 84.063.191
veículos representando um crescimento de 122 %.
Se por um lado, são poucas as
rodovias que oferecem condições adequadas para que os veículos trafeguem com
segurança e conforto; de outro, muitas estão é estado crítico oferecendo riscos
para os seus usuários, como pode ser verificado no elevado percentual de
acréscimo (77,8%) no volume de acidentes nas rodovias federais o que
representou um custo de R$ 17,7, bilhões (US$ 7,1 bilhões).
Na comparação com os países da
América do Sul (Figura 3) no período de 2013 a 2014, segundo o
relatório do Fórum Global de Competitividade (FGI), o Brasil recebeu a nota 2,8. A posição
no ranking mundial elaborado pelo FGI,
é traduzida por uma nota de avaliação que varia de 1 (extremamente precária) a
7 (extensa e eficiente).
Figura 3 – Ranking das rodovias dos países da América do Sul
Fonte: Pesquisa CNT de rodovias – 2014.
Quanto à qualidade, principalmente em
função da falta de manutenção adequada, a Confederação Nacional de Transporte
(CNT), aponta que em 50,1 % da extensão total, a pavimentação encontra-se em
estado Ótimo (42,4%) ou Bom (7,7%); porém, 49,9% apresentam algum tipo de
deficiência, sendo que 36,7% delas estão classificados como Regular; 9,8% como
Ruim; e 3,4% como Péssimo.
A baixa qualidade das nossas
rodovias tem reflexo imediato nos custos logísticos. Segundo os estudos da
Confederação Nacional de Transporte, não há acréscimos de custos operacionais
quando o tráfego acontece nas rodovias em estado considerado ótimo; enquanto
que para aquelas consideradas em bom estado, o acréscimo de custos pode chegar
a 8,8% e naquelas em péssimo estado os custos chegam a ser acrescidos em a 91,5%,
como mostra a figura 4.
Figura 4-
Estado das rodovias e aumento dos custos operacionais dos caminhões.
Fonte:
Pesquisa CNT de rodovias – 2014.
Para melhor elucidar esses aumentos
de custos consideremos a hipótese em que um transportador ao trafegar em uma
rodovia em ótimo estado tenha um custo operacional de R$ 100,0 em determinada
quilometragem; se esse mesmo transportador percorresse a mesma distância em uma
rodovia classificada como péssima esse custo aumentaria para R$ 191,50.
O transporte rodoviário precisa ser
dinamizado. Os investimentos para atender a esse objetivo atingem R$ 293,88
bilhões, montante que representa 29,77% do total estimado para todo o setor de
transporte e logística, segundo o estudo desenvolvido pela CNT. Nesse sentido, as
principais intervenções para a melhoria das rodovias envolvem adequação,
duplicação, recuperação, construção e pavimentação. São estimados R$10,7
bilhões para a adequação; R$ 137,13 para a duplicação; R$ 48,25 bilhões destinados
a recuperação da pavimentação e R$ 47,33 bilhões para a construção de novas
rodovia.
O Brasil tem pressa! A hora é de
ação!
Fonte:
CNT – Relatório Gerencial – Pesquisa CNT de Rodovias – 2014
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Paulo Sérgio Gonçalves é
engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do
IBMEC/RJ e autor das seguintes obras
didáticas:
•
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E.
Schwember – Editora Interciência;
•
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
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